segunda-feira, 9 de setembro de 2013

VIII - Tu

Lara acusou Miguel de violação. O mundo desabou para o senhor Carvalho naquele momento. O pai de Miguel rodava na cama de um lado para o outro sem conseguir adormecer. Já se tinham passado muitos dias desde aquele momento em que parece que o tempo parou. Assim que Fonseca, GNR mais conhecido por jogar na tasca à sueca do que propriamente pelas suas detenções, pronunciou as palavras...as acusações...e levou Miguel.

Lara acusou Miguel de violação. Maria deixou Marco, a irmã de António Carvalho tinha que tentar ajudar o seu sobrinho. Ela, advogada, sabia muito bem o que queria e o que não queria. Ele, Marco, estava enrolado numa teia complicada quando se confunde amor com sexo.

Lara acusou Miguel de violação. E ele, olhava para todos à sua volta à saída do tribunal, não percebi os olhares recriminatórios, nem os gritos de promessa de vingança. Ele não queria estar ali. Não queria ver as lágrimas de seu pai, o sentimento de impotência da sua tia. Não queria ver Lara.

Lara acusou Miguel de violação. Ele foi para uma casa de correcção, conheceu a senhora Madalena, os colegas de quarto Guilherme, Nuno e Vasco, o senhor Jorge e interessou-se pela filha dele, Vânia.

Lara acusou Miguel de violação. E ele ficou a conhecer a história de Nuno e Miguel que perderam a mãe quando eram muito novos e foram traídos pelo pai que levou também a irmã, Catarina.

Miguel pensava em tudo o que tinha acontecido nos últimos tempos, quando ouviu passos gentis e trémulos aproximando-se dele. O seu coração começou a bater mais forte, mas não era de medo, era uma ansiedade estranha, algo difícil de perceber, que nunca tinha sentido antes. Parecia que tinha dificuldade em falar...em respirar...os seus olhos pareciam que não queriam descolar do chão...porque estava assim? Porquê agora?

- Tu...

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