II
O palácio
dos mosquitos continha uma escuridão difícil de explicar. Pelos corredores
vazios durante a noite ecoavam gritos de dor, misturavam-se as súplicas de
moscas que haviam sido capturadas e feitas prisioneiras e mosquitos do sexo
feminino que eram violadas e esquartejadas sendo atiradas a um rio feito de mel
que circulava o castelo. As moscas eram um grande adversário, mas, ao mesmo
tempo, bastante ridículo, poderíamos dizer que eram os travestis da altura,
seres de olhos arregalados, vestidos com uma pequena saia que tapava o que não
se deve ver e muitas vezes até de lábios pintados, pinturas guerreiras dizem
eles.
Naquela
noite, outro grito juntou-se aos normais, o de Bidé. Retirado dos seus
aposentos à força por dois mosquitos reais, ele sabia que não era bom sinal
estar a ser levado para a sala real a uma hora daquelas. Tentou-se soltar de
quem o carregava porém a força dos guardas era bastante superior à sua.
Quando
entraram na sala real, Bidé engoliu em seco, o seu irmão Mané esperava-o com um
sorriso malicioso colado em seu rosto.
***
No monte das
teias situava-se o castelo Aracnídeo, onde morava a rainha Felácia. A rainha
estava virada de cabeça para o tecto, com as suas patas ia enrolando pedaços de
teia enquanto pensava. Segundos depois, com um grito esganiçado pediu a ajuda
de Bota e Cota, o primeiro um guarda que era usado e abusado por ela, o segundo
o chefe da companhia por ser o mais velho. Os dois acederam ao seu pedido e
viraram a rainha de forma a que esta ficasse com os pés no chão.
- Então, os
mosquitos querem a ajuda das abelhas… - suspirou a rainha mostrando
intranquilidade – Realmente será um golpe forte.
- Minha
rainha, eu sei a quem poderemos pedir ajuda. – afirmou Cota – Aos trabalhadores!
- Os
trabalhadores? – questionou Bota – Mas esses não são os que andam sempre a
queixar-se do salário mínimo?
- Eu não
estou a falar das Aranhas do Parlamento das Formigas. – respondeu Cota – Estou a
falar dos Trabalhadores. Aqueles que têm a colónia mais unidade todas, que não
se fartam de trabalhar, de sol a sol.
- As
formigas…- completou a rainha – Realmente pode ser uma boa ideia. Mas…elas são
demasiado honestas, demasiado do lado do bem…porque razão conseguiríamos o seu
apoio?
- Raptaremos
as suas crianças hoje à noite. – explicou Cota – Para as reaver eles farão
tudo.
- Não me
parece má ideia. – sorriu a rainha – Não, de todo. Reúne os soldados que
precisares e parte! Quero essas crianças nas minhas mãos hoje!
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